Chilenos aprovam o fim da Constituição de Pinochet
- ADUFOP
- 27 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Considerada uma das heranças da ditadura militar no Chile, a Constituição de 1980 chegou ao fim. Na noite de domingo (25), em plebiscito, 78,27% dos chilenos que votaram exigiram a revogação da atual constituição e uma nova Carta Magna.
Na votação, os participantes também decidiram sobre como a nova Constituição deverÔ ser redigida. Serão eleitos, em abril de 2021, 155 representantes que participarão da redação da nova Carta Magna. A comissão terÔ carÔter paritÔrio entre homens e mulheres.
O plebiscito ocorreu após intensas mobilizaƧƵes no Ćŗltimo ano, nas quais as mulheres tiveram papel fundamental. A onda de protestos, iniciada em outubro de 2019, pedia a suspensĆ£o do aumento da agem de metrĆ“ no paĆs. No entanto, mesmo após a revogação do aumento, as manifestaƧƵes continuaram, protestando contra o sistema econĆ“mico neoliberal que o paĆs adota e que deixa desamparada uma grande parte da população chilena, pois nĆ£o fornece uma sĆ©rie de serviƧos para a população mais carente, como um sistema de saĆŗde universalizado e uma educação pĆŗblica, gratuita e de qualidade, assim como uma aposentadoria digna. Ā
O Chile tem um dos modelos previdenciĆ”rios mais excludentes do mundo. O legado da ditadura militar chilena (1973-1990) ultraou as 40 mil vĆtimas mortas e 200 mil exiladas, e causou a destruição do sistema previdenciĆ”rio do paĆs. O modelo de capitalização instituĆdo nos governo neoliberais fez com que Ā aposentados chilenos assem a receber menos do que um salĆ”rio mĆnimo. Quase metade deles vive abaixo da linha da pobreza. Recentemente, o governo foi obrigado a fazer aportes financeiros para complementar as aposentadorias pagas pelos fundos privados.
ManifestaƧƵes Nos Ćŗltimos 15 anos, o movimento estudantil chileno ganhou grande protagonismo no paĆs, realizando grandes marchas e greves, exigindo o fim da educação privada. Em 2006, o movimento ficou conhecido como "A Revolta dos Pinguins", em referĆŖncia ao uniforme alvinegro utilizado pelos estudantes secundaristas. Em 2011, houve uma nova onda de manifestaƧƵes, que levou Ć s ruas estudantes universitĆ”rios, secundaristas e a população em geral, reivindicando que a gratuidade seja universal e que se aplique a todos os nĆveis de ensino, para todos os estudantes. Em 2016, milhares de estudante voltaram Ć s ruas. Em 2018, o Congresso do Chile aprovou uma reforma educacional que acaba parcialmente com a cobranƧa de mensalidade nas universidades do paĆs. A medida, entretanto, foi criticada pelos movimentos docente e estudantil porque mantĆ©m a transferĆŖncia de recursos pĆŗblicos aos grandes grupos econĆ“micos por meio de um sistema de bolsas.
Fonte: ANDES-SN Com informaƧƵes de El PaĆs Brasil e Chile. Imagem Pixabay