28 de setembro: Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização do Aborto
- ADUFOP
- 29 de set. de 2022
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28 de setembro Ć© o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização do Aborto. A data foi instituĆda no 5° Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho, realizado na Argentina, na dĆ©cada de 1990, e marca a luta das mulheres pelo direito aos seus corpos, pela saĆŗde sexual e reprodutiva e de escolha sobre a interrupção da gravidez.
Dos cerca de 55 milhƵes de abortos que ocorreram no mundo entre 2010 e 2014, estima-se que 45% foram realizados de forma insegura, isto Ć©, por pessoas sem as habilidades necessĆ”rias e sem as condiƧƵes mĆ©dicas mĆnimas. Em 2008, dos 21,6 milhƵes de abortos inseguros, mais de 98% aconteceram na Ćsia (50%), Ćfrica (29%) e AmĆ©rica Latina (20%). Os dados sĆ£o do guia informativo āSaĆŗde Sexual e Reprodutiva das Mulheresā, publicado pelo Instituto PatrĆcia GalvĆ£o, a partir de conteĆŗdos validados pelo Fundo de População das NaƧƵes Unidas (UNFPA).
O aborto tambĆ©m Ć© um evento frequente na vida reprodutiva das mulheres brasileiras. Todos os anos, estima-se que mais de meio milhĆ£o de mulheres realizam um aborto inseguro, quase uma mulher por minuto, de acordo com a Pesquisa Nacional do Aborto (PNA), publicada em 2016. A PNA entrevistou mulheres alfabetizadas com idade entre 18 e 39 anos no paĆs, de Ć”reas urbanas, contemplando tambĆ©m municĆpios de pequeno porte (abaixo de 20 mil habitantes). A população representada corresponde a cerca de 80% da população feminina brasileira nessa faixa etĆ”ria.
No Brasil, pela legislação, a interrupção da gravidez é permitida em três casos: gestação resultante de estupro, com risco à vida da mulher e/ou de feto anencefÔlico. JÔ o aborto induzido é crime, com penas previstas de 1 a 3 anos de detenção para a gestante, e de 1 a 4 anos de reclusão para quem realizar o procedimento de retirada do feto.
Por conta da proibição e criminalização, muitas mulheres buscam clĆnicas clandestinas ou atĆ© mesmo elas próprias provocam a interrupção da gravidez, sem seguranƧa ou orientação mĆ©dica, com riscos de morte e sequelas graves, principalmente no caso das mulheres mais pobres.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2016, afirmavam que os procedimentos inseguros de interrupção voluntÔria da gravidez levavam à hospitalização de mais de 250 mil mulheres por ano, cerca de 15 mil complicações e 5 mil internações de muita gravidade. O aborto inseguro causou a morte de 203 mulheres em 2016, o que representa uma morte a cada 2 dias. Nos últimos 10 anos, foram duas mil mortes maternas por esse motivo.
Segundo a pasta, o perfil das mulheres com maior risco de morrer por consequĆŖncias do aborto no Brasil: mulheres pretas e indĆgenas, de baixa escolaridade, com mais de 40 anos ou menos de 14 anos, moradoras das regiƵes Norte, Nordeste e Centro-Oeste e vivendo sem uniĆ£o conjugal.
PercepƧƵes em relação ao aborto no Brasil Oito em cada dez pessoas (84%) dizem saber que o aborto clandestino Ć© uma das principais causas de morte de grĆ”vidas no paĆs. O dado consta em relatório divulgado pelo Instituto PatrĆcia GalvĆ£o e pelo Instituto Locomotiva, em maio deste ano. Para conhecer as impressƵes dos brasileiros e das brasileiras sobre o assunto, as instituiƧƵes entrevistaram de 2 mil pessoas com idade a partir de 16 anos, entre janeiro e fevereiro de 2022.
A pesquisa revelou que 77% concorda que quem mais é prejudicado pela criminalização do aborto são as mulheres de baixa renda, que não têm condições de pagar por orientação médica, ao realizÔ-lo. Ao todo, 67% dos e das respondentes declaram que considerar a interrupção provocada da gravidez um crime não resolve o problema, jÔ que as mulheres continuarão a optar por ele e, como consequência, a morrer, quando submetidas a um aborto inseguro.
Para 73% das pessoas entrevistadas quem defende a proibição ao aborto em qualquer circunstância não leva em conta os impactos na vida das mulheres ou meninas grÔvidas, caso sejam obrigadas a levar a gestação adiante.
O levantamento sublinha, ainda, que 21% dos e das participantes conhecem mulheres ou meninas que engravidaram após serem vĆtimas de estupro. Isto Ć©, 22,6 milhƵes de pessoas conhecem alguĆ©m que jĆ” se encontrou nessa situação.
ANDES-SN pela descriminalização do aborto O ANDES-SN, desde o seu 34Āŗ Congresso, vem se posicionando em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. No 37Āŗ Congresso, o Sindicato Nacional avanƧou e aprovou resolução em defesa de polĆticas pĆŗblicas que garantam educação sexual como polĆtica de prevenção e aborto seguro para evitar a morte de mais mulheres, que em sua maioria sĆ£o pobres e negras.
Em 2018, o ANDES-SN participou do Festival "Pela vida das Mulheres" e das audiências públicas no Supremo Tribunal Federal, que debateram a descriminalização do aborto.
Fonte: ANDES-SN *Com informaƧƵes do Brasil de Fato